Está programada para o dia 1º de fevereiro de 2021 uma nova greve dos caminhoneiros a nível nacional. As reivindicações do setor são voltadas principalmente para o descaso do governo em relação aos caminhoneiros autônomos e a alta do diesel.
O CNTRC (Conselho Nacional dos Transportadores Rodoviários de Cargas) alega que a discussão começou ainda em dezembro, e como até agora não obteve resposta do Ministério da Infraestrutura, apoia a ordem de paralisação nacional.
Em 2018, a greve dos caminhoneiros durou 10 dias, causando impactos na economia nacional e reforçando a dependência do transporte rodoviário.
Pautas da reivindicação
Em Assembleia Geral Extraordinária do CNTRC, as entidades representantes decidiram pela paralisação da categoria. O documento apresentado conta com a explicação detalhada das seguintes pautas:
- Piso mínimo de frete do Transportador Autônomo Rodoviário de Cargas;
- CIOT para todos;
- PL BR do Mar;
- PPI – Política de Preço de Paridade de Importação aplicado pela Petrobras ao consumidor nacional;
- Contratação direta do Transportador Autônomo Rodoviário de Cargas;
- Aposentadoria Especial do Transportador Autônomo Rodoviário de Cargas;
- Marco Regulatório do Transporte;
- Jornada de Trabalho do Trabalhador (Transporte Rodoviário de Cargas Empregado/Autônomo);
- Resolução CONTRAN 701/2020 e 499/2014;
Acesse o documento completo aqui.
Greve dos caminhoneiros em 2018
A greve que durou 10 dias em 2018 foi um manifesto contra os reajustes frequentes nos preços dos combustíveis, principalmente do óleo diesel, realizados pela Petrobras quase diariamente, mas também pelo fim da cobrança de pedágio por eixo suspenso e pelo fim do PIS/Cofins sobre o diesel. Na época, o preço dos combustíveis aumentava desde 2017 gradativamente, mas esse valor não era passado para o consumidor final.
De imediato, a greve impactou a economia e vários outros setores. Inúmeras cidades ficaram sem abastecimento de mantimentos, postos sem gasolina e até mesmo voos foram cancelados. Hospitais, centros de ensino e fábricas também sofreram com a paralisação.
Em 27 de maio, o acordo proposto pelo governo não causou consenso entre os líderes do setor, que optaram pelo “cada um por si”, deixando que os próprios caminhoneiros tomassem as decisões de continuar ou não a paralisação. Por fim, a greve dos caminhoneiros acabou em 31 de maio, com a insatisfação da classe.
Impactos no setor logístico
Para o setor logístico, a greve de 2018 trouxe alguns aprendizados. A falta de mantimentos em inúmeras cidades brasileiras acarretou em sérios problemas também para a logística, que ficou parada e perdeu financeiramente.
É preciso que o setor esteja preparado para situações similares, como a prevista para o mês de fevereiro de 2021. Por isso, planos de médio e longo prazos devem (ou deveriam) fazer parte do planejamento das empresas de logística para precaver danos.
Os principais são as melhorias nas rodovias nacionais (problema corriqueiro) por meio de financiamento público ou privado, condições dignas de trabalho e remuneração justa para os caminhoneiros (empregados e autônomos), e um plano para diminuir a dependência do transporte terrestre na hora de realizar as entregas.
Tudo isso trouxe à tona um problema antigo da logística brasileira: a dependência do transporte modal rodoviário. O país, com dimensões continentais, ainda não está 100% preparado para ser multimodal. É preciso investir em infraestrutura e tecnologias para perder essa dependência. Com a possibilidade de greve chegando, o setor precisa estar atento para não ser prejudicado mais uma vez.
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